Mês da Consciência Negra - Solenidade em homenagem aos 43 anos do Movimento Negro Unificado (MNU), aos 20 anos do Educafro Valongo e à toda luta antirracista!
Em sua fala, a Vereadora Débora Camilo (PSOL), expressou a importancia das homenagens
"Hoje, é sem dúvida o dia mais especial pra mim dentro dessa casa. Mais especial do que a própria posse como vereadora, a posse que encheu de lágrimas de emoção os olhos da minha mãe, a preta que mais amo. É o dia mais especial porque vou usar essa conquista coletiva para homenagear os meus e minhas irmãs. É o dia mais especial porque esse plenário nunca esteve tão preto. Eu agradeço profundamente a todas e todos que tornaram possivel esse dia inesquecível pra mim.
Primeiro eu quero falar sobre o projeto Educafro.
A Educafro é um projeto pré-vestibular comunitário que tem a missão de promover a inclusão da população negra (em especial) e pobre (em geral), nas universidades públicas e particulares com bolsa de estudos, através do serviço de seus voluntários/as nos núcleos de pré-vestibular comunitários.
Nasceu em 1993, no município de São João do Meriti (Baixada Fluminense) e, em 1997, iniciou suas atividades em São Paulo e chegou na Baixada Santista no ano 2000.
No conjunto de suas atividades, a Educafro luta para que o Estado cumpra suas obrigações, através de políticas públicas e ações afirmativas na educação, voltadas para negros e pobres, promoção da diversidade étnica no mercado de trabalho, defesa dos direitos humanos, combate ao racismo e a todas as formas de discriminação.
Quero falar também sobre a minha história com o Educafro, em especial com o núcleo Educafro Valongo, minha eterna casa, meu quilombo.
Foi lá que me disseram que eu podia, que eu era capaz e foi o Educafro Valongo que tornou a menina negra, mãe solo e moradora da periferia da cidade, em advogada. O Educafro Valongo me ensinou o que é solidariedade entre o povo preto, explorado e oprimido, me ensinou o que é solidariedade de classe.
Foi lá que eu aprendi que nós precisamos ocupar os espaços e disputar o poder. O Educafro me ensinou a entrar na universidade sem pedir licença, a bater o pé na porta. Foi assim que entramos aqui, na Câmara de Vereadores de Santos, em um processo de dedicação e luta daquelas pessoas que sempre foram excluidos da política.
O Educafro me fez advogada, mas me fez também gênero, raça e classe. Em nome do Júlio Evangelista, eu estendo todo meu carinho e gratidão a todo Educafro Valongo.
Agora, quero falar sobre um patrimônio histórico das pretas e pretos desse país: o Movimento Negro Unificado (MNU), uma organização pioneira na luta do Povo Negro no Brasil. Fundada no dia 18 de junho de 1978, e lançada publicamente no dia 7 de julho, também de 1978, em um evento nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, em pleno regime militar. Esse ato representou um marco referencial histórico na luta contra a discriminação racial no país.
Digo mais uma vez, hoje é um dia muito importante pra mim. Estou na presença de Regina Lucia dos Santos e Milton Barbosa, duas lideranças. históricas das pretas e pretos desse pais, responsáveis junto com tantas outras e outros por erguerem-se em um período em que todas as pessoas que lutavam por direitos poderiam ser condenadas a tortura e a morte. Em referência a Lélia Gonzalez, nosso lema deve seguir sendo ORGANIZAÇÃO JÁ!
É da nossa organização, do povo preto, da classe trabalhadora, das mulheres e de toda gente explorada e oprimida que vai surgir a força política capaz de mudar os rumos da barbárie que estamos vivendo. Eles não vão vencer, o futuro será nosso sim ou sim. O dia do revide dos de baixo vai chegar, sempre chega!
A certeza de ser Movimento,
Negro Unificado,
A malicia de ter no pensamento,
Toda luta do passado.
Na praça, palanque,
Ecoa pelos ares,
O grito da negrada,
Zumbi não morreu,
Ora viva Palmares!
Nossa luta unificada.
Há! que sabor deve ter,
Um pedaço,
espaço no poder.
E se poder é bom,
Negro também quer o poder,
Cantando em alto tom,
Negro também quer o poder
Aproveito esse momento para reafirmar que não descansaremos até descobrir quem mandou matar nossa irmã preta, minha querida companheira de partido, Marielle Franco.
Mari, eu sou porque nós somos. Você vive aqui e em todas as lutas justas do nosso povo.
BASTA DE TERRORISMO DE ESTADO,
CHEGA DE GENOCÍDIO DO NOSSO POVO E FORA BOLSONARO"